Resumo dos meus 28 anos: desconstrução


Nessa semana, me despeço dos meus 28 - e espero que de toda fase (psicológica) ruim que venho há algum tempo passando. E, de fato, a palavra DESCONSTRUÇÃO representou fielmente os últimos 12 anos. 

Em 08/07/2016, comemorei o aniversário com muita dor na coluna. Sabe aquele desejo que todos fazem quando sopram velinhas? Eu fiz ao dormir, gemendo de dor: EU SÓ QUERO TER UM ANO COM UMA COLUNA NORMAL. E eu tive!

Era para ter sido o melhor ano da minha vida, mas não foi. Nunca cresci tanto no âmbito profissional, me casei com um homem incrível (incrível é pouco para descrevê-lo), finalmente tive meu (nosso) próprio cantinho, com um cachorro-grude puro amor e rodeada (por poucas, porém) boas pessoas. Os 28 deveriam ser perfeitos, e por fora, foram. Por dentro, uma bagunça total.

A dor na coluna saiu, mas a diabetes entrou. Com ela, foi preciso olhar para os hábitos alimentares e entender de vez que algo precisava ser mudado. Comecei a mudança cortando algo que meu corpo nunca digeriu bem: carne. Só isso foi o suficiente para a dor no estomago ceder e meus novos exames serem excelentes. Também aprendi a cozinhar, comer comida de verdade - a apreciar verduras e legumes. 

Demorei 28 anos pra entender como meu corpo funciona melhor com (e sem) algumas coisas! Essa mudança também trouxe mais compaixão e empatia aos animais (e não mais só com os cachorros) e com o tempo, até minha empatia com as pessoas começou a melhorar. Não foi SÓ parar de comer carne, foi questionar tudo o que eu entendia e tinha como certo. Ver o mundo com um outro olhar sem ser superficial não é fácil. Dói. 

Com isso, veio mais uma desconstrução: NÃO EXISTE O CERTO! E mais ainda: não podemos impor as pessoas aquilo que achamos "o certo", mesmo que tenhamos 100% de convicção sobre. Precisamos entender que cada um tem um tempo, uma visão sobre a vida e ainda mais, livre arbítrio para escolha - independente do âmbito. Não podemos implorar (ou até impor) para que fulano coma (ou não) algo, siga uma religião, ou tenha um estilo de vida e opinião semelhante. Cada um tem o direito de SER o que quer, e eu tenho somente o direito de receber de braços abertos e estar disponível para ajudar, quando for solicitada. Aprender a EMPATIA é uma tarefa muito dura. Eu ainda não aprendi, mas consegui dar o pontapé inicial.

Também desconstruí tudo aquilo que sabia sobre feminismo & machismo, e de tanta lição sobre o assunto, a mais forte é: as mulheres não devem ser rivais! Parar de olhar a outra e julgar pela roupa ou pela atitute diferente da sua, não é fácil - mas é preciso e libertador! Eu cresci em um ambiente machista, passei por relacionamento abusivo, cresci rodeada pela cultura da "competição" (principalmente na "busca por um homem"... aff) e ainda presenciei de perto violência contra a mulher. Por muito tempo, achei que era normal. Não, não é normal. Ser feminista não é aquele estereótipo que muitos pintam. É aprender sobre respeito - seja de homem para mulher (como o oposto) e ainda, de mulher pra mulher. Respeito ainda mais pelo próprio corpo, do jeito que ele é. ACEITAÇÃO. Ainda tô meio longe de chegar lá e tenho muito a aprender, mas sei que estou no caminho! 

E como uma coisa leva a outra, também abri muito minha cabeça sobre religião, espiritualidade, racismo, educação. Sobre o meio ambiente, sobre como eu cuido do planeta o qual vivo e deixarei para os que vem depois. Sobre um tantão de coisa que eu achava que sabia muito, mas na verdade, NÃO SEI DE NADA! 

De tudo que a desconstrução vem me trazendo, tem algo que é muito forte e gostaria de compartilhar: a troca da palavra JULGAR por ACEITAR. Aceitar não é ser cômodo, mas sim entender que o mundo é muito grande e ninguém precisa - nem deve - ser igual a você. 

Meus 2.8 foram bem intensos e amargos por dentro. Entender a bagunça interna com toda informação que veio até então não é fácil - questionar tudo isso e tentar confrontar com novas informações, ainda mais difícil. 

Chego nos meus 29 uma mulher bem mais madura, mas ainda com um longo caminho interno para percorrer e com uma sede enorme de cada vez mais me abrir para aprender coisas novas.

Comentários

  1. senti sua falta aqui, querida!!!!!!! welcome back e que tudo se ajeite!
    xx

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    Respostas
    1. Paulinha! Que saudades <3
      Sim, vou voltar a escrever! E visitar os blogs tbm!
      Beijos!

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